07/11/2012

Quando me predispus a contar a minha história pela viagem que é fazer um intercambio em Sao Paulo imaginava-me a escrever sobre tudo o que aprendo na faculdade, contar historias e aventuras e publicar uma boa selecção fotográfica de bons lugares, momentos e amigos.
Descobri que tudo o que eu aprendo não consigo transcrever em palavras, porque não aprendo arquitectura, nem faço amigos, nem vivo aventuras de bons momentos e lugares, pelo menos não de uma forma que saiba escrever, definível por palavras.
Sinto que me tenho distanciado da minha linguagem e capacidade de expressão por vias comuns, as ensinadas. Tenho aprendido coisas que ainda não sei falar sobre. Aprendo e reaprendo sentimentos, medos, vontades, frustrações, principalmente aprendo a flutuar sereno sobre elas. Viver comigo todos os dias não é fácil.

Procuro sentidos para a vida, para acordar e para dormir, para comer e beber, para falar, aprender. Procuro o porque dos meus medos e tormentas, às vezes persigo-os, outras vezes fujo deles.
As vezes desejo que as cicatrizes fossem leves e gratuitas, apenas marcas de um passado sem peso.
Outras lembro-me que as feridas têm um propósito, que me constroem e definem o que eu sou e a força com que vou lutar pelos meus sonhos.

Penso que durante muito tempo fui de certa forma imune a um lado da realidade que é viver. Imune ao sentimento libertador e assustador de que é ser-se sozinho, mesmo quando abraçado. Não sei se entendem, um permanente pós sexo nostálgico. Momentos sem base, desprendidos de amarras, permanentemente.


Parece que não vim para São Paulo conhecer a cidade, a América do sul e muito menos Arquitectura. Vim conhecer-me, aprender-me.

Como um amigo diria, "a vida é um teatro".

05/08/2012

Hoje vivi um dia diferente. A propósito de uma aula de Arte e Projecto da Paisagem, vou fazer algo semelhante aos projectos em ilhas que fiz no porto, em que os professores pediram o dialogo entre os alunos e os habitantes da ilha a ser reconstruir. Mas neste caso não somos nós que vamos lá perguntar o que querem de novo e o que pensam que precisam, é até bastante o oposto.

Uma comunidade de Perus (Cidade a norte de SP), composta por várias associações artísticas independentes que rejeitam o sistema governamental e capitalista sob o qual a "Arte" funciona, jovens "iliterados" que se intitulam de vagabundos e criminosos ao mesmo tempo que se manifestam contra todas as formas de violência, contra o sistema das favelas, "controlo" da construção de edifícios entregue a especulação do capital, corrupção politica. Manifestam-se dançando e cantando poesias e palavras de força pelas ruas da sua cidade num espírito performativo dirigido ao público e apelador à intervenção e manifestação do transeunte.

Estas associações aliaram-se a pessoas mais velhas e de confiança perante a comunidade, interna e externamente e em conjunto apareceram na FAU com um pedido de ajuda. Ampliação da dimensão politica e da relevância mediática do movimento enquanto os pequeninos arquitectos percebem o que é preciso para reestruturar a evolução descontrolada da favela e prevêem o impacto da expansão da cidade e do capital imobiliário. Como centro dinamizador deste aglomerado propõem a 1ª fabrica de cimento do Brasil, de onde veio quase todo o cimento que erigiu Brasília e o edificado antigo de SP.

Nesta cidade, com este grupo, respira-te afecto e iniciativa, onde em vez de ser eu a tentar perceber o que é preciso fazer, são eles a tentar que eu perceba o que é preciso fazer.
Adorei, fico feliz por saber que vou fazer visitas semanais a este grupo e que vou ter oportunidade de conviver, partilhar os seus espaços e as suas ideias. Pode ser que finalmente consiga aprender a tocar djambe xD









01/08/2012

Acordar as 6, chegar a fac. as 8. O prof faltou, telefonemas para visitar casas e la fui. Dei por mim estava o onibus a entrar por uma favela. Perguntei se voltava a sair e disseram que o fim de linha era bem no meio da favela, pedi para sair e fiquei à porta do aglomerado de construções em tijolo sem janela. Os putos param a olhar para mim enquanto eu volto a pé e penso "mantém a calma, ninguém aqui sabe que tens um galaxy no bolso" xD
Voltei, demorei 1:30h a encontrar a casa, bati a porta, telefonei outra vez e nada.. voltei na Fau e fui na aula de projecto de 4º ano, que tem uns professores maçadores. finalmente acabaram o discurso de introdução, saí e fui à procura da aula de projecto de 3º ano ver se ainda ia a tempo. 160 alunos, 8 professores, todos eles com gabinete e obra. Ainda por cima o projecto vai ser precisamente no centro de SP e pelo que percebi vou ter que escolher 3 lotes vazios de um total de 500 :O de preferência separados uns dos outros. Estou a pensar escolher separados mas no mesmo bairro porque não faz sentido estudar a parte de História/Usos 3 vezes...

Ficam fotos da minha zona de intervenção (centro de SP), de uma maquete da FAU que encontrei e uma foto do patio a partir do ultimo piso.





30/07/2012



Ontem conheci a parte de São Paulo que mais gostei até hoje. O parque Ibirapuera, ao domingo fica insanely cheio com correntes de pessoas, bicicletas e patinadores a movimentarem-se organicamente. Mas e sempre possível encontrar um  relvado livre e isolado, andei o dia todo e disseram-me que apenas conheci metade do parque..
Ao domingo a cidade respira, há muito menos carros e a confusão passa das ruas para os parques. Imagino que na semana os parques estejam vazios e portanto bem mais zen. Nota—se bastante bem a diferença entre a qualidade do ar na cidade e no parque. O meu nariz desentupiu pela primeira vez lá xD
Jantar em casa da minha amiga Cátia, pataniscas de carne, que são uns hambúrgueres bem melhores do que os normais ^^
Fui para o hostal já bem tarde, pelas 11:30, e o clima das ruas e já bastante inseguro. E preciso estar atento em tudo, na pessoa que vem, nas ruas com menos seguranças de condomínio, no carro que passa e principal cuidado com os motoboys (pessoas de mota), não se pode andar muito perto da estrada nem.muito perto das portas, enfim.. Coisas que o paulistano já faz sem pensar enquanto mantém diálogo com a pessoa do lado. Estas foram algumas das tips de segurança que me deram até hoje..
Agora preciso escolher as disciplinas que vou frequentar este semestre e ver se encontro alguém com um quarto vago perto da fau.





29/07/2012

Ainda não encontrei casa e está-me a parecer que só vou encontrar quando começar as aulas e perguntar ao pessoal de intercambio que tenha chegado mais cedo onde vivem e se têm mais quartos vagos.. Já me disseram que quem passa cá um ano vale muito a pena alugar uma casa inteira, mobilar e alugar os outros quartos a estudantes. Mas não me quero meter em mais papeladas do que ja estou.. Ontem fui no Mercadão, onde há comida, bebida e especiarias de todo o mundo! Encontrei alheiras, parmejano, bacalhau salgado, especiarias de marrocos, uma infinidade de coisas que não se encontram em mais nenhum lado em SP. Chegaram mesmo a dizer, "se nesta barraca não há alguma especiaria, é porque não há no mundo" :) Acabei de pequenalmoçar uma Manga deliciosa que comprei lá!

27/07/2012

"A pausa deve ser realizada, o silêncio deve ser vivido."

26/07/2012

Alfandega, transfer, comprar chip pró celular, hostel, volta pela Av. Paulista, jantar uma sandes, passeio nocturno, hostel, banho, blogger. A cerveja é deliciosa! Amanha tratar de mais papelada. E é sexta feira, a ver se vou baladar uma pouco aqui na Vila Madalena.